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Foto do escritorJacqueline Machado

1917 (2019)

A Primeira Guerra Mundial, dois soldados e um plano sequência de tirar o fôlego.


Se você não estava vivendo em uma bolha nos últimos três meses, você provavelmente ouviu falar de 1917, o filme em plano sequência cotado como favorito para o Oscar 2020. Talvez a única informação que você tenha à respeito do filme seja o fato dele ter perdido para “Parasita” na corrida pela estatueta deste ano. Talvez a única coisa que você saiba a respeito deste filme seja que ele é um plano sequência (um belíssimo plano sequência, no caso). Talvez o que você não saiba é que além do básico, esse filme ainda apresenta muitos outros pontos interessantes.


Mas antes da gente começar, você sabe o que é um plano sequência? Plano sequência é um plano sem cortes, que causa uma sensação de continuidade e fluidez. A técnica do plano sequência pode ser usada tanto em uma cena só, ou em um filme. No caso de 1917 temos vários mini planos sequência que quando são justapostos parecem um longo filme sem corte nenhum. Dessa forma, você vive cada minuto do filme junto dos personagens. Filmes como “Festim Diabólico” de 1948 e “Birdman” de 2014 também contaram com essa técnica para contar suas histórias.


E do que se trata o filme? A história é bem simples. Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) são dois soldados britânicos que, durante a Primeira Guerra Mundial, precisam entregar uma mensagem à um batalhão para salvar cerca de 1.600 homens. É isso. Nada muito complexo e nem muito difícil de entender.


O roteirista e diretor responsável por esse filme foi Sam Mendes. Não se lembra dele? Então deixa eu te contar que esse cara tem trabalhos incríveis no currículo, e é bem provável que você já tenha visto vários filmes dele. A lista começa com trabalhos como “Beleza Americana” um clássico de 1999 que rendeu 4 estatuetas do Oscar para o filme e “Foi Apenas um Sonho”, filme com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet que não é Titanic (hahahaha). Continuamos com “007 - Operação Skyfall” e “007 - Contra Spectre”. Ou seja, você já conhecia o trabalho do diretor, apenas não sabia quem ele era.


Sam Mendes se inspirou nas histórias de seu avô, Alfred Mendes, para a criação do roteiro do filme. Seu avô, que também lutou na Primeira Guerra Mundial, recebeu várias medalhas por seu trabalho como mensageiro. Além disso, foi durante a guerra que ele conheceu o amor da sua vida, homenagem que é feita durante o filme.


Para dar vida ao plano sequência, Sam contou com uma equipe de peso no set de filmagem. O Diretor de Fotografia responsável pelas gravações foi Roger Deakins. Sam e Roger já trabalharam juntos em longas anteriores, e além destes trabalhos, Roger já havia ganhado o Oscar pela fotografia de “Blade Runner 2049”, filme de 2017.


O trabalho feito em conjunto pelos dois, possibilitou um filme de duas horas com cortes que são imperceptíveis até aos olhos mais atentos. Para que isso se tornasse possível, Roger criou maquetes com o cenário do filme e treinou os movimentos de câmera antes que as gravações se iniciaram. Foi em uma maquete também, que ele testou a iluminação das cenas noturnas, uma vez que essa luz deveria soar o mais natural possível.


Esteticamente falando o filme é realmente impecável. Os enquadramentos e o fato do filme não ter cortes, te deixam sem fôlego do início ao fim. A sensação é de que você está ali, junto com os soldados passando pelo que eles estão passando também. Uma vez que os cenários não se repetem e que a câmera nunca olha para trás, o filme deixa uma mensagem clara de “siga em frente”.


Além de bons enquadramentos e movimentos de câmera, o filme também conta com uma trilha sonora excepcional que deixa tão sem ar quanto às cenas que estão aparecendo. Por contar com um roteiro mais simples, em alguns momentos os vazios são preenchidos pela trilha sonora, e em outros momentos, os silêncios oportunos (tanto de fala quanto de trilha) te ajudam a entender a gravidade de certas situações, e te deixam em alerta.


Ainda pensando em fotografia, é difícil mensurar a quantidade de trabalho que deu para que um filme dessa magnitude fosse feito, e mesmo assim, a direção tanto geral quanto de fotografia, ainda deixam evidentes algumas questões atreladas à teoria das cores. Notei que em três cenas seguidas é possível ver uma mudança brusca de atividades e sensações que eram passadas. Se na primeira cena nós vemos um soldado correndo em um campo em chamas, na segunda, este mesmo soldado está envolto em águas azuis onde tons de cinza também são encontrados na paisagem e na terceira ele dá um passo em direção à um campo verde.


O que nós notamos aqui são três intenções diferentes: atenção, tristeza e esperança.


No campo em chamas, as cores mais evidentes eram o vermelho, o amarelo e laranja. Como já sabemos, essas três cores possuem o PERIGO como significado comum. Na situação em que o soldado se encontra, essa é a melhor explicação.


Logo na sequência, ele cai em um rio. Predominantemente, as cores neste rio são azul e cinza. Nenhuma dessas cores trazem a sensação de alerta para quem está vendo o filme, mas ambas as cores tem a TRISTEZA em comum. Além de todas as situações pelas quais o soldado passou até então, vendo tudo que ainda teria que passar para cumprir sua missão, não existe necessariamente um medo em morrer afogado, mas a tristeza de saber que talvez não consiga cumprir sua missão.



Por fim, ao sair do rio, o nosso soldado é levado para um bosque com árvores altas e campos verdes. Uma das características mais marcantes da cor verde é a ESPERANÇA. Ao fundo é possível ouvir um grupo de pessoas cantando uma música. Tanto Sco quanto os telespectadores ficam cheios de esperança de que talvez a missão esteja perto de ser cumprida e as vidas possam ser salvas.



Se você quiser saber mais sobre a Teoria das Cores, é só clicar aqui.


Além de usar seu avô como inspiração, Sam Mendes também se inspirou na Operação Alberich. Em 1917 as tropas alemãs se retiraram do território francês e apenas se posicionaram mais à frente, o que fez com que os franceses caíssem em uma emboscada.


E você imagina quanto custou essa brincadeira toda? A produção de 1917 custou entre 90 e 100 milhões de dólares. Em contrapartida, o filme rendeu $ 364,899,814 dólares na bilheteria mundial para os estúdios da Universal.


Dá uma olhada nas fotos do filme:


Gostou?

Eu fiz um vídeo no meu canal falando sobre isso!


Até semana que vem!

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